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Governo Trump enviou por engano plano de guerra a um jornalista
Um jornalista americano foi incluído acidentalmente em um grupo de troca de mensagens no qual o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, e outros altos funcionários do governo de Donald Trump discutiam ataques iminentes contra os rebeldes huthis do Iêmen, confirmou a Casa Branca.
Trump anunciou os ataques em 15 de março, mas o editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, afirmou que recebeu um aviso sobre o plano horas antes, por meio de um grupo no Signal.
"A sequência de mensagens que foi relatada parece ser autêntica e estamos revisando como um número foi adicionado inadvertidamente à conversa", indicou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes.
A Casa Branca afirmou que Trump ainda "tem a máxima confiança em sua equipe de segurança nacional", após o presidente declarar não estar ciente dessa aparente falha.
"Não sei de nada sobre isso", disse Trump nesta segunda-feira (24) quando perguntado sobre a inclusão do repórter nas conversas. "Estou ouvindo isso de vocês pela primeira vez", respondeu o presidente aos jornalistas. Em todo caso, "o ataque foi muito eficaz", acrescentou.
O vazamento poderia ter sido muito prejudicial se Goldberg tivesse publicado detalhes do plano com antecedência, mas ele não o fez, nem mesmo após o fato.
Goldberg escreveu, no entanto, que Hegseth enviou ao grupo informações sobre os ataques, incluindo "alvos, armas que os Estados Unidos usariam e a sequência do ataque".
"De acordo com o extenso texto de Hegseth, as primeiras detonações no Iêmen seriam sentidas duas horas depois, às 13h45, horário do leste" dos Estados Unidos, detalhou Goldberg, um cronograma que depois foi cumprido no terreno.
Goldberg disse que o adicionaram ao grupo dois dias antes e que recebeu mensagens de outros altos funcionários do governo designando representantes que trabalhariam no assunto.
No dia 14 de março, uma pessoa identificada como o vice-presidente JD Vance expressou dúvidas sobre a realização dos ataques, dizendo que odiava "resgatar a Europa novamente", já que os ataques huthis contra navios afetavam mais os países daquele continente do que os Estados Unidos.
- "Perigoso" -
Membros do grupo identificados como o assessor de Segurança Nacional, Mike Waltz, e Hegseth enviaram mensagens argumentando que apenas Washington tinha a capacidade de realizar a missão. Hegseth apontou que compartilhava com Vance a "aversão ao aproveitamento europeu. É PATÉTICO".
E uma pessoa identificada como "S M", provavelmente o assessor de Trump Stephen Miller, argumentou que "se os Estados Unidos restaurarem com sucesso a liberdade de navegação a um grande custo, precisa haver algum benefício econômico adicional em troca".
O vazamento gerou indignação entre a oposição democrata.
O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, descreveu-a como "uma das violações mais surpreendentes à inteligência militar" que ele viu em "muito tempo" e pediu uma investigação completa.
"O descuido mostrado pelo gabinete do presidente Trump é impressionante e perigoso", disse Jack Reed, outro senador.
Hillary Clinton - a quem Trump criticou repetidamente por usar um servidor de e-mail privado enquanto era secretária de Estado - compartilhou na rede social X o artigo de The Atlantic com a frase: "Você tem que estar brincando".
- Ataques huthis -
Os rebeldes huthis, que controlam grande parte do Iêmen há mais de uma década, fazem parte do "eixo de resistência" de grupos pró-Irã, que se opõem a Israel e aos Estados Unidos.
Eles lançaram vários ataques com drones e mísseis contra navios que passam pelo Mar Vermelho e o Golfo de Áden, afirmando que o fazem em solidariedade aos palestinos pela guerra em Gaza.
Esses ataques afetaram o funcionamento dessa importante rota comercial, por onde passa cerca de 12% do tráfego marítimo mundial.
Muitas empresas tiveram que fazer desvio caros ao redor do extremo sul da África.
Os Estados Unidos começaram seus ataques contra alvos huthis sob a presidência de Joe Biden, alguns deles realizados com apoio britânico.
Trump prometeu usar uma "força letal avassaladora" e os ataques americanos continuaram nos últimos 10 dias.
A.Mahlangu--AMWN