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Ministro israelense ameaça anexar partes da Faixa de Gaza
O ministro da Defesa, Israel Katz, ameaçou, nesta sexta-feira (21), anexar partes da Faixa de Gaza se o movimento islamista Hamas não libertar o restante dos reféns israelenses mantidos em cativeiro no território palestino, devastado pela guerra.
Esta ameaça ocorre três dias depois de Israel retomar os bombardeios maciços contra Gaza, rompendo com a relativa calma que reinava no território palestino desde a trégua de 19 de janeiro.
Segundo a agência da Defesa Civil da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, pelo menos 504 pessoas, entre elas 190 menores, morreram em Gaza desde que Israel retomou seus ataques na terça-feira.
Este balanço é um dos mais altos desde que começou a guerra há mais de 17 meses, no rastro do ataque do Hamas contra Israel.
"Ordenei ao exército que tome mais territórios em Gaza (...) Quanto mais o Hamas se negar a libertar os reféns, mais território vai perder, que será anexado por Israel", disse Katz em um comunicado.
O ministro israelense também ameaçou "ampliar zonas tampão ao retor de Gaza para proteger as áreas de população civil" mediante uma "ocupação israelense permanente" destas áreas.
Moradores de Gaza fugiam de suas casas, nesta sexta-feira, por rodovias repletas de escombros, segundo imagens da AFP.
Israel retomou sua ofensiva em Gaza, alegando a estagnação das negociações indiretas sobre as próximas etapas da trégua, cuja primeira fase expirou no começo do mês.
As novas operações militares em larga escala, coordenadas com o governo do presidente americano, Donald Trump, provocaram a condenação generalizada da comunidade internacional.
O presidente russo, Vladimir Putin, expressou "preocupação" pela "retomada" dos ataques israelenses em Gaza e se disse disposto a ajudar a "desescalar" a situação.
O presidente israelense, Isaac Herzog, também manifestou inquietação, ao considerar "impensável retomar os combates enquanto ainda" se tenta trazer os reféns para casa.
Milhares de manifestantes foram às ruas de Jerusalém nos últimos dias, acusando o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de retomar as operações militares sem levar em conta a segurança dos reféns.
Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque do Hamas em Israel, em 7 de outubro de 2023, 58 seguem em cativeiro em Gaza, das quais o exército declarou mortas 34.
- Pontos de pressão -
Na quinta-feira, o exército israelense anunciou que suas tropas começaram a "realizar atividades terrestres" na área de Shabura em Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, perto da fronteira com o Egito.
O exército também fechou a principal via norte-sul do território.
O ministro da Defesa prometeu intensificar a ofensiva israelense, usando "meios de pressão" tanto civis quanto militares para derrotar o Hamas.
"Intensificaremos a luta com bombardeios aéreos, navais e terrestres, assim como ampliando a operação terrestre até que os reféns sejam libertados e o Hamas, derrotado", prometeu.
Katz disse, ainda, que serão usados "todos os meios de pressão, tanto militares quanto civis, inclusive a evacuação da população de Gaza para o sul e a implementação do plano de deslocamento voluntário do presidente americano, [Donald] Trump".
O chefe da Casa Branca propôs, no começo de fevereiro, deslocar os 2,4 milhões de habitantes de Gaza para a Jordânia e o Egito, e transformar este território em ruínas em um destino turístico de luxo, como "uma Riviera do Oriente Médio".
Quando perguntado se Trump estava tentando restabelecer um cessar-fogo em Gaza, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse na quinta-feira à imprensa que o presidente "apoia completamente" a retomada das operações militares de Israel em Gaza.
O.Karlsson--AMWN