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Retorno de Trump reacende debate em Israel sobre anexação da Cisjordânia
Em 2020, Donald Trump apresentou o "acordo do século" para o conflito palestino-israelense, que incluía a anexação de parte da Cisjordânia por Israel. O retorno do republicano à Casa Branca reacende o debate no país sobre esta questão ultrassensível.
Mas, no final, sob pressão da comunidade internacional e graças a um acordo de normalização das relações com Emirados Árabes Unidos e Bahrein, facilitado pelo governo Trump, Israel adiou o projeto de anexação parcial.
Contudo, segundo o ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, 2025 será "o ano da soberania" israelense na Cisjordânia e a chegada de um novo governo nos Estados Unidos será uma oportunidade para anexar assentamentos nesse território palestino ocupado por Israel desde 1967.
Além de Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel no mesmo ano, mais de 490.000 israelenses vivem na Cisjordânia, incluindo três milhões de palestinos, em assentamentos que a ONU considera ilegais segundo o direito internacional.
"O Estado de Israel deve tomar uma decisão", afirmou Israel Ganz, chefe do Conselho Yesha, a principal organização de colonos da Cisjordânia.
Sem soberania total, "ninguém assume a responsabilidade pelas infraestruturas, estradas, água, eletricidade, portanto, todos que vivem aqui acabam pagando o preço", disse Ganz à imprensa no início de dezembro, referindo-se ao fato de a Cisjordânia estar sujeita à lei militar.
Para os israelenses, a Cisjordânia é o berço do povo judeu. Para os palestinos, este território deve constituir a espinha dorsal do Estado independente e soberano ao qual aspiram, juntamente com a Faixa de Gaza.
- "O melhor" -
A intenção de Trump de nomear Mike Huckabee, que é próximo a grupos israelenses pró-assentamento, como embaixador em Israel galvanizou os defensores da anexação.
"Trump terá uma política baseada no que ele considera que é melhor para os Estados Unidos e para a região", afirmou Eugene Kontorovich, do conservador Misgav Institute.
As condições mudaram consideravelmente com a guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, o enfraquecimento do Hezbollah libanês e a queda do presidente sírio Bashar al Assad.
"O dia 7 de outubro mostrou ao mundo inteiro o perigo de deixar o status desses territórios em suspenso", disse Kontorovich, referindo-se a Gaza, região da qual Israel se retirou unilateralmente em 2005 e de onde o movimento islamista palestino Hamas lançou seus comandos contra Israel.
Kontorovich está convencido de que "a guerra realmente distanciou grande parte da população israelense da solução de dois Estados".
Independentemente da reeleição de Trump, organizações de direitos humanos denunciam uma anexação total, citando como evidência o aumento do confisco de terras ou a discreta revisão — a mando de Smotrich — da estrutura burocrática e administrativa pela qual Israel controla a Cisjordânia.
- "Pesadelo" -
Uma anexação total da área de assentamento teria consequências significativas em termos de direitos.
Atualmente, Israel não pode expropriar terras privadas na Cisjordânia, mas "quando a região for anexada, a lei israelense permitirá fazê-lo. É uma grande diferença", diz Aviv Tatarsky, da ONG israelense Ir Amim, que luta contra os assentamentos.
Tatarsky também está convencido de que, no caso de uma anexação, os palestinos da área não receberiam o status de residência concedido aos palestinos de Jerusalém Oriental.
Este status permite que palestinos levem uma disputa a qualquer tribunal israelense, ao contrário dos palestinos da Cisjordânia, que só podem fazê-lo perante a Suprema Corte israelense.
Tatarsky também lembra que mais de 90% dos palestinos vivem em áreas onde a Autoridade Palestina tem poderes limitados, "mas suas necessidades diárias, sua rotina, são inseparáveis" da área de assentamento, onde a maior parte da terra está localizada, e a anexação poderia se tornar um "pesadelo" para eles.
L.Mason--AMWN