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Governo sírio assegura que Damasco está protegida de avanço rebelde
O governo sírio disse neste sábado (7) que Damasco estava protegida por um cordão de segurança impenetrável diante de uma ofensiva dos rebeldes islamistas que tomaram várias cidades em pouco mais de dez dias e afirmam estar às portas da capital.
“Há um cordão militar e de segurança muito forte nos arredores de Damasco e em seu interior”, disse o ministro do Interior da Síria, Mohamed al-Rahmun, na televisão. “Ninguém (...) pode penetrar nessa linha de defesa que nós, as Forças Armadas, estamos erguendo”, acrescentou.
A presidência da Síria negou relatos de que o presidente Bashar al-Assad tenha fugido do país.
“Nossas forças iniciaram a fase final do cerco à capital, Damasco”, disse o comandante Hasan Abdel Ghani, que faz parte da aliança liderada pelo grupo islamista radical Hayat Tahrir al Sham (HTS), que lançou sua ofensiva relâmpago em uma reviravolta inesperada na guerra civil que começou em 2011.
É difícil verificar a situação de forma independente e, embora alguns colaboradores da AFP estejam em áreas controladas pelos rebeldes, a agência não tem nenhum repórter próximo a Damasco no momento.
Em um subúrbio de Damasco, de maioria drusa e cristã, dezenas de manifestantes derrubaram uma estátua de Hafez al-Assad, pai e antecessor do atual presidente, disseram duas testemunhas à AFP por telefone.
A imprensa local registrou cenas semelhantes em Daraa, no sul, e em Hama, no centro do país.
“Nossa alegria é indescritível”, disse Ghiath Suleiman, um morador da última cidade, que foi tomada pelos rebeldes na sexta-feira.
“Esperamos que todo sírio honrado possa viver esses momentos de felicidade dos quais fomos privados desde o nosso nascimento”, acrescentou.
Bashar al-Assad assumiu o poder em 2000, sucedendo seu pai, que detinha o poder desde 1971.
- Evitar um “banho de sangue” -
De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), as forças do governo perderam nas últimas horas o controle da província de Daraa, berço de um levante antigoverno em 2011, e evacuaram posições em Quneitra, perto das Colinas de Golã, ocupadas e anexadas por Israel.
Um correspondente da AFP em Daraa viu membros de grupos rebeldes locais guardando prédios públicos.
Perto de Homs, bombardeios de aviões do governo e da Rússia mataram pelo menos sete civis no sábado, em operações destinadas a deter o avanço rebelde até os portões da cidade.
Desde a ofensiva de 27 de setembro lançada pelo HTS e seus aliados, o governo perdeu rapidamente o controle da segunda principal cidade da Síria, Aleppo, no noroeste, e de Hama, no centro.
Essa ofensiva já matou pelo menos 826 pessoas, incluindo mais de 100 civis, de acordo com o OSDH, uma ONG com sede no Reino Unido, mas com uma extensa rede de fontes no local.
A ONU informa que 370.000 pessoas foram deslocadas nesse período.
As forças de Assad, que têm apoio militar significativo da Rússia e do Irã, nunca perderam tantas cidades em tão pouco tempo desde a eclosão da guerra civil em 2011, que deixou mais de 500.000 mortos.
O enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, pediu para “evitar um banho de sangue” e “proteger os civis de acordo com a lei humanitária internacional”.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse que era “inaceitável” que o território sírio caísse nas mãos de “terroristas”.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, cujo país apoia as facções aliadas ao HTS, expressou sua esperança de que a Síria encontre “a paz e a tranquilidade com as quais vem sonhando há 13 anos”.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse que seu país não deveria “se envolver” no conflito.
- O fim da tirania -
Em seu avanço, os rebeldes estão tentando acalmar os temores daqueles que vivem em áreas agora sob seu controle, em um país com várias denominações religiosas.
“Pedimos que todas as religiões se sintam seguras (...), porque a era do sectarismo e da tirania acabou para sempre”, disse o comandante rebelde Abdel Ghani em uma mensagem no Telegram.
As minorias têm sido frequentemente perseguidas durante a guerra civil síria.
O conflito dividiu o país em zonas de influência apoiadas por potências estrangeiras.
A Rússia, principal aliada do regime, pediu aos seus cidadãos que deixassem o país, assim como os EUA e a Jordânia.
O Irã começou a evacuar seu pessoal militar e diplomático, de acordo com o New York Times.
O apoio militar russo, crucial para o regime em 2015, foi reduzido devido à guerra na Ucrânia, enquanto o Irã e o movimento islamista libanês Hezbollah, enfraquecido pelo conflito com Israel, enviaram reforços limitados.
D.Cunningha--AMWN