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Governo do Chile desacredita denúncia de assédio sexual contra Boric
O governo do Chile considerou, nesta terça-feira (26), infundada uma denúncia criminal apresentada por uma mulher contra o presidente Gabriel Boric por um suposto caso de assédio sexual ocorrido há 10 anos.
O Executivo e a defesa de Boric afirmaram que foi a suposta vítima, cuja identidade é mantida em sigilo, que assediou "sistematicamente" o presidente, quando ele era um líder estudantil. É "uma denúncia infundada, relacionada a fatos que nunca ocorreram", afirmou em entrevista coletiva a porta-voz do Executivo, Camila Vallejo.
Boric foi acusado de assédio sexual e divulgação indevida de imagens íntimas, revelou ontem seu advogado, Jonatan Valenzuela. A ação foi ajuizada em setembro, mais de uma década após Boric ter conhecido a denunciante em Punta Arenas.
Na época com 27 anos, Boric havia concluído o curso de direito e se destacava como líder estudantil. Em 2014, tornou-se deputado pela região.
Ao negar "categoricamente a denúncia", Valenzuela afirmou que o presidente foi vítima de "um assédio sistemático por meio do envio de e-mails", um dos quais "inclui imagens de caráter explícito da denunciante sem o pedido ou consentimento" de Boric.
A imprensa chilena divulgou o conteúdo dos 25 e-mails que a mulher teria enviado entre agosto de 2013 e julho de 2014. Eles passam de um tom amigável a uma declaração de amor, e terminam em uma explosão de raiva, diante de uma suposta falta de reciprocidade.
Boric responde com frases como "Muito obrigado pela sua mensagem e confiança", depois com pontos de interrogação, e, em uma das mensagens, diz: "Não estou entendendo nada."
"Meu cliente nunca teve uma relação afetiva nem de amizade com ela, e eles não se falam desde julho de 2014", ressaltou Valenzuela.
O processo tem "caráter confidencial", confirmou hoje Cristián Crisosto, chefe do Ministério Público da região de Magallanes. A denunciante não veio a público dar a sua versão dos fatos.
- Fim de mandato -
Boric, que conta com foro especial, completará em 2026 seu mandato de quatro anos, sem direito a reeleição consecutiva. Para que ele seja julgado, a Suprema Corte precisa suspender a sua imunidade.
A defesa afirma que Boric tomou conhecimento da denúncia por meio de uma revisão de rotina, e que decidiu torná-la pública mesmo não tendo sido notificado pelo Ministério Público.
O veículo eletrônico The Clinic divulgou hoje que a denunciante "registra pelo menos quatro processos judiciais nos últimos três anos", o último deles por suposta participação em um assalto com violência.
A denúncia contra Boric vem à tona no momento em que seu governo enfrenta um escândalo devido a acusações de abuso sexual e estupro contra o ex-subsecretário de Segurança e Interior Manuel Monsalve, que está em prisão preventiva há uma semana.
Na campanha para sua eleição em 2021, Boric foi acusado de outro suposto assédio sexual, que também negou na época. A denúncia nunca foi investigada criminalmente.
A.Mahlangu--AMWN