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Campanha presidencial termina na Venezuela em meio a pressão internacional
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e seu principal adversário nas eleições presidenciais do próximo domingo, Edmundo González Urrutia, encerram nesta quinta-feira (25) suas campanhas, em meio a advertências de Maduro sobre "um banho de sangue" caso ele perca a disputa e à pressão internacional por transparência no pleito.
Empunhando um sabre do herói Simón Bolívar, Maduro liderou um primeiro ato em Maracaibo, capital do estado petroleiro de Zulia, duramente atingido pela crise que acompanhou seus quase 12 anos no poder.
O presidente vai encerrar o dia em Caracas, que prometeu "tomar de ponta a ponta". Já González vai concluir sua campanha com uma concentração no bairro de classe alta Las Mercedes, também na capital.
"Não viemos para perseguir ninguém", disse o opositor em entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros, na qual afirmou que vai buscar um governo de união e negou uma cruzada contra o chavismo.
Maduro, que se orgulha de ter chegado a mais de 250 cidades durante a campanha, tenta passar uma imagem de força. Seus comícios são acompanhados de uma avalanche de propaganda na mídia tradicional, em que ele se apresenta como um "galo pinto", do tipo usado em brigas de galos, e chama González de "fraco".
Em mensagem gravada no palácio presidencial de Miraflores, Maduro pediu um "voto de confiança" dos indecisos: "Para aqueles que alguma vez se opuseram a nós, apelo à sua razão benevolente, ao seu bom senso e patriotismo."
Outros oito candidatos minoritários participam da eleição, para a qual foram convocados 21 dos quase 30 milhões de habitantes. Estima-se que poderão votar apenas 17 milhões que não emigraram e permanecem no país.
- 'Chá de camomila' -
Declarações recentes de Maduro sobre "um banho de sangue" em caso de vitória da oposição geraram preocupação na América Latina.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, pediu hoje eleições "transparentes, competitivas e sujeitas à observação internacional". "Não se pode ameaçar, sob nenhum ponto de vista, com banhos de sangue, e sim o que os presidentes e candidatos recebem são banhos de votos", expressou, na linha do colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
"Fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto, não de sangue", havia dito Lula. "O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição."
"Quem se assustou que tome um chá de camomila", respondeu Maduro, sem mencionar Lula.
A autoridade eleitoral brasileira suspendeu o envio de observadores à Venezuela, depois de Maduro ter criticado o sistema eleitoral do país. Um convite ao ex-presidente argentino Alberto Fernández para acompanhar as eleições venezuelanas foi retirado depois que ele apoiou a declaração de Lula.
- Vantagem histórica -
A reeleição de Maduro em 2018 não foi reconhecida pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por vários governos latino-americanos, incluindo os da Argentina e do Brasil, após denúncias de fraude por parte da oposição.
Maduro agora acusa a oposição de planejar ignorar os resultados para lançar atos de violência. O candidato à reeleição também disse que as Forças Armadas, que afirma serem leais a ele, poderiam insurgir contra um possível governo de oposição.
"A vantagem que temos é histórica", disse González. "Isso deixa claro que vamos vencer e vamos cobrar [a vitória], e confiamos que as nossas Forças Armadas respeitarão a vontade do nosso povo" nas urnas.
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, negou ontem, ao descrever o destacamento de segurança para vigiar o processo eleitoral, que os militares serão um "árbitro" das eleições e afirmou que garantirão "a todo custo" a manutenção da ordem.
"Embora as eleições na Venezuela dificilmente vão ser livres ou justas, os venezuelanos têm a maior oportunidade em mais de uma década de eleger seu próprio governo. A comunidade internacional deveria apoiá-los", destacou Juanita Goebertus, diretora da Divisão das Américas da Human Rights Watch.
O.Johnson--AMWN