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Hamas responde com 'emendas' ao plano de cessar-fogo em Gaza
O Hamas pediu, nesta terça-feira (11), uma emenda à última proposta de trégua em Gaza para que inclua um "cessar total" da "agressão" israelense no território palestino, uma resposta que os Estados Unidos, promotor do plano, disseram estar analisando.
A resposta do movimento islamista palestino coincide com a viagem do secretário de Estado americano, Antony Blinken, ao Oriente Médio. Trata-se da oitava visita de Blinken à região desde que a guerra entre Hamas e Israel em Gaza eclodiu há oito meses.
Durante o giro, que incluiu escalas em Egito, Israel e Jordânia, Blinken instou o Hamas a aceitar o plano de trégua e libertação de reféns apresentado pelo presidente americano, Joe Biden, em 31 de maio.
"A resposta prioriza os interesses do nosso povo palestino e insiste na necessidade de acabar completamente com a atual agressão contra Gaza", respondeu o Hamas em uma declaração conjunta com a Jihad Islâmica, outro grupo armado que opera no território.
Uma fonte que participa das negociações afirmou sob condição de anonimato que o Hamas, que governa Gaza desde 2007, propôs emendar o plano com "um cronograma para um cessar-fogo permanente e a retirada completa das tropas israelenses da Faixa de Gaza".
As discussões, detalhou, continuarão com a mediação de Egito, Catar e Estados Unidos, que disseram estar "analisando" a resposta do Hamas, segundo o porta-voz da Casa Branca, John Kirby.
Durante sua visita a Israel nesta terça-feira, Blinken ressaltou que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reiterou "seu compromisso" com a proposta de cessar-fogo, apoiada pelo Conselho de Segurança da ONU.
"Todo mundo disse sim, exceto o Hamas", afirmou, assegurando que se o grupo islamista não aceitasse o plano, o fracasso seria "claramente" sua responsabilidade.
- 'O horror deve parar' -
Blinken continuou sua viagem na Jordânia, onde anunciou uma nova ajuda de Washington de US$ 404 milhões (R$ 2,16 bilhões) para os palestinos, destinada a combater a crise humanitária no território.
Israel ordenou um cerco "completo" a Gaza em 9 de outubro, dificultando a entrada de comida, água, medicamentos e combustível no território palestino.
Apenas os envios e a entrada ocasional de ajuda proporcionam um alívio para a população de 2,4 milhões de habitantes.
"O horror deve parar", urgiu o secretário-geral da ONU, António Guterres, em uma conferência na Jordânia destinada a arrecadar ajuda humanitária para os palestinos.
"A velocidade e a magnitude da matança em Gaza superam tudo o que vi em meus anos como secretário-geral", acrescentou.
O plano apresentado por Biden contempla, em uma primeira fase, um cessar-fogo "imediato e completo", a troca de reféns por prisioneiros palestinos, a retirada do Exército israelense das áreas povoadas de Gaza e a entrada de ajuda humanitária.
Em Israel, além de Netanyahu, o secretário de Estado se reuniu com Benny Gantz, rival centrista do premiê israelense que recentemente deixou o gabinete de guerra, e com o líder da oposição, Yair Lapid.
- 'Destruição por toda parte' -
A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando militantes islamistas mataram 1.194 pessoas e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
O Exército israelense estima que 116 reféns continuam cativos em Gaza, embora 41 deles estariam mortos.
A operação lançada por Israel contra Gaza deixou 37.164 mortos, segundo o Ministério da Saúde do governo liderado pelo Hamas.
As hostilidades continuam no terreno, com bombardeios israelenses que, segundo fontes hospitalares, deixaram vários mortos no centro da Faixa, onde as tropas israelenses concentram suas ações na última semana.
O Exército israelense anunciou que quatro de seus soldados morreram na véspera em combates no sul do território.
Essas baixas elevam para 298 o número de mortos entre as tropas israelenses na ofensiva terrestre contra Gaza, iniciada em 27 de outubro.
Enfrentando múltiplas pressões, Netanyahu insiste em seu objetivo de eliminar o Hamas, considerado uma "organização terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
Essa estratégia militar pode ser reforçada pela operação que no sábado permitiu resgatar quatro reféns no campo de refugiados de Nuseirat que, segundo o governo do Hamas, custou a vida de 274 palestinos.
"Esta guerra destruiu nossas vidas. Não há comida, não há o que beber, é o cerco e a destruição por toda parte", lamentou à AFP Soad Al Qanou, uma mulher que faz tudo o possível para salvar seu filho desnutrido no campo de refugiados de Jabaliya, no norte de Gaza.
O conflito também intensificou a violência na Cisjordânia ocupada, onde seis pessoas morreram nesta terça-feira em uma incursão do Exército israelense em Kfar Dan, segundo o Ministério da Saúde palestino.
P.Costa--AMWN