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Combates prosseguem em Gaza apesar dos sinais de possível trégua entre Israel e Hamas
Os combates entre o Exército israelense e o movimento islamista palestino Hamas prosseguiam nesta sexta-feira (2) na Faixa de Gaza, apesar dos primeiros sinais de uma possível nova trégua e da libertação dos reféns, após quase quatro meses de guerra.
Vários palestinos relataram bombardeios israelenses noturnos no centro e sul de Gaza, em particular em Khan Yunis, a segunda maior cidade do território, que se tornou o principal cenário das operações israelenses nas últimas semanas.
O Ministério da Saúde do Hamas informou 112 mortos nas últimas horas em Gaza.
Mais de 1,3 milhão de habitantes do enclave palestino, segundo a ONU, de um total de 2,4 milhões, estão amontoados em Rafah, no extremo sul do território, vivendo em condições catastróficas, à beira da fome e de epidemias.
As fortes chuvas desta sexta-feira inundaram as barracas e as lonas de plástico que se multiplicam por todas as ruas da cidade, segundo imagens da AFP.
Ao menos 17 mil crianças foram separadas dos pais na Faixa ou estão desacompanhadas desde o início da guerra, segundo uma estimativa da ONU. "Cada uma delas tem uma história comovente de dor e perda", disse Jonathan Crickx, porta-voz do Unicef nos Territórios Palestinianos.
Na frente diplomática, os esforços continuam para tentar obter uma segunda trégua, após a de novembro, que permitiu a libertação de uma centena de reféns em troca da libertação de quase 300 prisioneiros palestinos.
- Em duas semanas? -
Após uma reunião em Paris entre o diretor da CIA, William Burns, e representantes do Egito, Israel e Catar, uma proposta de trégua foi apresentada ao Hamas.
O líder do movimento islamista palestino, Ismail Haniyeh, exilado no Catar, deve viajar ao Egito para conversar sobre a proposta.
Segundo uma fonte do Hamas, a proposta está composta de três fases. A primeira incluiria uma trégua de seis semanas, período em que Israel libertaria de 200 a 300 presos palestinos em troca de 35 a 40 reféns. Além disso, entre 200 e 300 caminhões de ajuda humanitária poderiam entrar a cada dia em Gaza.
"Esta proposta foi aprovada pela parte israelense e agora temos uma confirmação preliminar positiva do Hamas", disse o porta-voz do governo do Catar, Majed al Ansari, que espera "poder dar uma boa notícia nas próximas duas semanas".
Uma fonte do Hamas, no entanto, declarou à AFP que "ainda não há acordo sobre a implementação" da proposta e que "a declaração do Catar foi apressada e não é correta".
- Reféns -
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é pressionado tanto pelas famílias dos reféns para alcançar um acordo, assim como por alguns de seus ministros, que ameaçam renunciar no caso do anúncio de um pacto "muito generoso" com os palestinos.
Manifestantes protestaram nas ruas de Tel Aviv na quinta-feira à noite para exigir um acordo que permita a libertação dos reféns.
"A única maneira é chegar a um acordo", declarou Moran Zer Katzenstein, de 41 anos. "Depois disso, teremos tempo para lidar com o Hamas e retirar a gestão e a liderança de Gaza (...) mas primeiro temos que tratar dos reféns".
Quase 250 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas invadiram o sul de Israel e executaram um ataque que matou ao menos 1.163 pessoas, a maioria civis, segundo o balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Mais de 100 reféns foram trocados por presos palestinos na trégua de uma semana no fim de novembro.
Em resposta ao ataque, Israel iniciou uma ofensiva aérea e terrestre para "aniquilar" o Hamas, considerado um grupo terrorista por Estados Unidos e União Europeia, que deixou 27.131 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
- Sanções aos colonos -
O governo dos Estados Unidos, aliado de Israel, anunciou na quinta-feira sanções a um grupo de colonos judeus acusados de violência contra civis palestinos na Cisjordânia ocupada.
A violência dos colonos judeus atingiu "níveis intoleráveis", escreveu o presidente americano, Joe Biden, em sua ordem executiva.
O governo de Israel criticou as sanções, por considerar que "não há espaço para medidas excepcionais" contra os colonos na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967.
Os colonos israelenses mataram ao menos 10 palestinos e incendiaram dezenas de casas na Cisjordânia ocupada em 2023, segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Yesh Din.
A guerra em Gaza exacerbou as tensões no Oriente Médio, entre Israel e os seus aliados, e o Irã e o chamado "eixo de resistência", que inclui o Hamas, o grupo xiita libanês Hezbollah, as milícias iraquianas e os rebeldes huthis do Iêmen.
O presidente iraniano, Ebrahim Raissi, alertou nesta sexta-feira que qualquer ataque dos Estados Unidos em retaliação ao bombardeio que matou três soldados americanos na Jordânia em 28 de janeiro, atribuído a um grupo pró-Irã, a República Islâmica "responderá com firmeza".
M.A.Colin--AMWN