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Aniversário simbólico para Kfir Bibas, o mais jovem refém em Gaza
Kfir Bibas, com cabelo ruivo e uma pelúcia de elefante rosa, tinha menos de nove meses quando os combatentes do movimento islamista palestino Hamas o levaram em Nir Oz, um kibutz do sul de Israel, próximo à Faixa de Gaza.
O refém mais jovem entre os 250 levados à força pelo Hamas e seus aliados ao território palestino completa, se ainda estiver vivo, seu primeiro ano em 18 de janeiro.
O movimento islamista anunciou, em novembro, a morte dele, de seus irmãos e sua mãe. No entanto, as autoridades israelenses não confirmaram e seus familiares se agarram à esperança de que estejam vivos, pedindo por sua libertação.
Na quinta-feira, organizarão um aniversário simbólico.
Se Kfir ainda estivesse em Nir Oz, haveria "música, risos, família e amigos, e não sons de aviões e tiros", disse Yossi Schneider, primo da mãe de Kfir.
"É loucura estarmos planejando o aniversário de alguém que não está aqui", acrescentou durante uma visita para a imprensa, organizada pelo coletivo de famílias de reféns Bring Them Home Now ("Traga-os para casa agora", em tradução livre).
Segundo autoridades israelenses, 132 reféns ainda estão em Gaza. Entre eles, 27 morreram, indicou uma contagem da AFP baseada em dados israelenses.
- Kibutz deserto -
No kibutz no deserto, o canto dos periquitos se mistura ao som de explosões e tiros de metralhadora.
A Faixa de Gaza fica a menos de três quilômetros, e uma coluna de fumaça preta sobe de Khan Yunis, epicentro das operações do Exército israelense nas últimas semanas.
Nir Oz foi palco de um dos ataques mais sangrentos perpetrados pelo grupo islamista em Israel, em 7 de outubro, que deixou um total de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo contagem da AFP com base em números oficiais israelenses.
Israel jurou "aniquilar" o Hamas, como resposta, e lançou uma operação aérea e terrestre que deixou mais de 24.400 mortos em Gaza, a maioria mulheres, crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
Entre cerca de 400 habitantes de Nir Oz, um quarto morreu ou foi sequestrado após horas de tiroteios e violência.
As autoridades israelenses anunciaram a morte de oito reféns do kibutz e outros 40 foram libertados — a maioria após uma trégua no final de novembro —, mas o destino de aproximadamente 30 deles ainda é incerto.
Entre eles, Kfir Bibas, seu irmão de quatro anos, Ariel, e seus pais, Yarden e Shiri Bibas.
Os israelenses ainda estão chocados com a imagem de Shiri abraçada aos filhos, de pijama, com o rosto aterrorizado diante de seus captores.
- "Ninguém irá resgatá-lo"-
Às vésperas do aniversário de Kfir, o Bring Them Home Now quis mostrar sua creche, onde seu berço ainda está sob o pequeno prédio coberto por uma camada de concreto antimísseis.
No estabelecimento, onde eram atendidos 12 bebês, um CD da popular canção de ninar israelense "A menina mais bonita da creche" não é mais ouvido desde a retirada dos sobreviventes.
Os quadros-negros onde costumavam ser anotados os horários das refeições e dos cochilos permanecem vazios.
A família de Kfir Bibas voltou várias vezes à creche, em busca do elefante de pelúcia, que ainda não encontraram.
Ariel, irmão de Kfir, adora super-heróis e, segundo Schneider, pedia na creche que escrevessem, sob uma imagem do Batman, a frase "Estou voando e salvando pessoas presas em uma fenda".
"Agora ele está em algum buraco no chão", na extensa rede de túneis do Hamas na Faixa de Gaza, "e ninguém irá resgatá-lo".
P.Silva--AMWN