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Guerra com Israel volta a deixar Gaza incomunicável
A rede de telefonia e de internet voltou a ficar fora de serviço nesta sexta-feira (12) na Faixa de Gaza, bombardeada há mais de três meses pelo Exército israelense em sua guerra contra o movimento islamista Hamas, que governa o território palestino.
"Lamentamos informar que todos os serviços de telecomunicações na Faixa de Gaza estão cortados pela agressão em curso. Gaza volta a ficar sem conexão", indicou a operadora de telecomunicações Paltel na rede social X.
Em um comunicado, a companhia palestina acusou pelo corte a "parte israelense", que desconectou "os servidores". Não é a primeira vez que o território palestino fica incomunicável desde o início da guerra.
O conflito foi iniciado em 7 de outubro com a incursão de milicianos palestinos em Israel, que mataram cerca de 1.140 pessoas, de acordo com um balanço estabelecido pela AFP com base em dados israelenses.
Os milicianos também sequestraram umas 250 pessoas, das quais cerca de 100 foram liberadas em uma troca por presos palestinos durante a trégua humanitária de uma semana no final de novembro.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, União Europeia e Estados Unidos, e lançou uma operação aérea e terrestre contra Gaza.
Segundo o Ministério da Saúde do território, 23.708 pessoas, a maioria mulheres e crianças, morreram até agora na ofensiva israelense.
Cerca de 80% dos quase 2,4 milhões de habitantes da Faixa estão deslocados por causa da guerra e vivem confinados em acampamentos improvisados, segundo a ONU.
- Reféns vão receber medicamentos -
Um jornalista da AFP ouviu disparos de artilharia perto das cidades de Rafah e Khan Yunis, no extremo sul do território, na noite desta sexta-feira.
Repórteres da AFPTV também viram uma coluna de fumaça se elevar sobre Rafah.
"Mais de 59 mortos e dezenas de feridos foram transferidos para hospitais após os ataques" desta noite, informou o Ministério da Saúde de Gaza.
Por sua vez, o Exército israelense indicou que havia eliminado "dezenas de terroristas" em Khan Junis e Maghazi, respectivamente no sul e no centro da Faixa.
Também foram destruídos "mais de 700 lugares de lançamento de foguetes" contra Israel, acrescentou.
O governo israelense está sob pressão internacional para reduzir o sofrimento dos civis de Gaza e também internamente para acelerar a libertação dos reféns.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, informou que os reféns vão receber medicamentos "nos próximos dias", graças a um acordo negociado por intermédio do Catar.
- Obstáculos para ajuda humanitária -
Israel mantém um "cerco completo" da Faixa desde 9 de outubro, obstaculizando a entrada de combustível, água, comida e medicamentos.
A ajuda humanitária tem entrado apenas a conta-gotas no pequeno território de 362 km².
A representante do fundo da ONU para a infância (Unicef) nos Territórios Palestinos, Lucia Elmi, pediu que se autorize a entrada na Faixa de um número maior de comboios humanitários.
"O processo de inspeção [israelense] continua lento e imprevisível. E alguns materiais que necessitamos de maneira desesperada continuam submetidos a restrições, sem justificativa clara", disse Elmi em Jerusalém.
A ONU também lamentou dificuldades crescentes nas operações de ajuda no norte da Faixa e acusou o Exército israelense de limitar o abastecimento de combustível, usado sobretudo nos hospitais.
"Enfrentamos um rechaço sistemático da parte israelense", denunciou em Genebra Andrea De Domenico, representante do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) para os Territórios Palestinos.
A guerra também traz tensão à região, como na fronteira entre Líbano e Israel, onde o Exército israelense e o movimento libanês Hezbollah têm multiplicado a troca de disparos de artilharia.
Os rebeldes huthis do Iêmen também incrementaram os ataques contra navios que consideram vinculados a Israel no Mar Vermelho, em apoio ao Hamas.
Em resposta a essas agressões, que trazem perturbações ao comércio marítimo mundial, Estados Unidos e Reino Unido bombardearam o grupo rebelde, apoiado pelo Irã, nesta sexta-feira.
O.Norris--AMWN