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Blinken diz que Abbas 'se comprometeu' com reformas durante giro em meio a guerra em Gaza
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou, nesta quarta-feira (10), que Mahmud Abbas estava decidido a reformar a Autoridade Palestina, com vistas a reunificar a Faixa de Gaza, devastada pela guerra entre Israel e Hamas, com a Cisjordânia ocupada.
"Não quero falar em nome do presidente Abbas, mas acho que o que levo deste encontro é que [Abbas] se comprometeu com isso e está preparado para avançar", declarou o secretário de Estado à AFP, ao responder a uma pergunta sobre o compromisso de Abbas em reformar a Autoridade Palestina.
O chefe da diplomacia americano fez estas declarações em Manama, capital do Bahrein, para onde viajou no âmbito de um giro regional que busca evitar que a guerra entre Israel e Hamas, que governa Gaza, se propague pela região, onde o movimento islamista conta com vários aliados.
Anteriormente, esteve em Israel e na Cisjordânia ocupada, onde se reuniu com Abbas, presidente da Autoridade Palestina, que administra parcialmente esse território ocupado por Israel desde 1967.
Durante o encontro, os dois falaram "sobre a importância da reforma da Autoridade Palestina, de sua política e de sua governança para que possa assumir de forma eficaz a responsabilidade de Gaza, e que Gaza e Cisjordânia possam ser reunificadas sob uma direção palestina", revelou Blinken.
"Para mim, está muito claro que o presidente Abbas está disposto a avançar e a se comprometer com todos estes esforços", acrescentou.
Em 2006, o Hamas venceu as eleições palestinas e um ano depois assumiu o poder em Gaza, após confrontos violentos com o Fatah, partido de Abbas, que levaram à expulsão da Autoridade Palestina da Faixa.
Na frente de batalha, O Exército israelense seguiu bombardeando Gaza e reportou operações nas áreas de Maghazi (centro) e Khan Yunis (sul), com "mais de 150 alvos atingidos" e 15 túneis localizados.
O Crescente Vermelho palestino indicou que seis pessoas morreram em um bombardeio israelense que atingiu uma ambulância dessa organização em Deir el Balah, no centro da Faixa.
Depois de se reunir com Blinken, Abbas foi à cidade jordaniana de Aqaba, onde se encontrou com o rei Abdullah II e o presidente do Egito, Abdel Fatah Al Sissi, para tentar "aumentar a pressão por um cessar-fogo imediato" em Gaza, indicou o Palácio Real jordaniano.
A guerra entre Israel e Hamas teve início com a incursão, em 7 de outubro, de milicianos islamistas, que deixaram cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, no sul de Israel.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar que, segundo o ministério da Saúde do Hamas, deixou até o momento mais de 23.350 mortos no território palestino.
- Evitar um conflito regional -
Apesar dos esforços diplomáticos, a guerra entrou em seu quarto mês sem sinais de desescalada.
Os Exércitos dos Estados Unidos e do Reino Unido derrubaram na noite de terça 18 drones e três mísseis lançados pelos rebeldes huthis do Iêmen no Mar Vermelho, no "maior ataque" dos rebeldes iemenitas até o momento, em solidariedade a Gaza.
Blinken assegurou que esses ataques, que produziram uma importante redução do tráfego de carga por essa importante via do comércio internacional, "contaram com a cumplicidade do Irã mediante tecnologia, equipamentos, inteligência, informação, e têm um impacto real na vida das pessoas".
- Situação humanitária "indescritível em Gaza -
Na terça-feira, Blinken instou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a evitar morte de civis na guerra contra o Hamas.
O "balanço diário de civis [mortos] em Gaza, sobretudo crianças, é muito alto", disse.
As organizações internacionais alertam para o desastre humanitário em Gaza, onde 85% da população está deslocada, e a ajuda chega aos poucos.
A situação humanitária é "indescritível", disse nesta quarta o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Devido à falta de água, tomamos banho uma vez por mês, sofremos psicologicamente, e as doenças se espalham por toda parte", disse à AFP Ibrahim Saadat, um palestino deslocado.
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) condenou um ataque ao abrigo da organização em Khan Yunis, no qual morreu a filha de um de seus funcionários.
"Um obus atravessou [na segunda-feira] a parede de um edifício onde mais de 100 funcionários da MSF e suas famílias haviam se refugiado", disse a ONG. "Embora a MSF não possa confirmar a origem do obus, parece similar aos usados pelos tanques israelenses".
Israel bombardeia, principalmente, o centro e o sul da Faixa, depois de ter devastado o norte. O governo israelense aceitou o início de uma "missão de avaliação" da ONU sobre a situação no norte do território, visando ao retorno dos deslocados, disse Blinken na terça-feira, sem dar mais detalhes.
P.Santos--AMWN