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Blinken insta Israel a pôr fim à morte de civis em Gaza
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, instou, nesta terça-feira (9), Israel a frear, em sua guerra contra o Hamas, os ataques contra civis em Gaza e a parar de 'minar" a capacidade dos palestinos de construir instâncias governamentais eficazes.
O secretário de Estado, que busca evitar uma propagação do conflito há três meses, também anunciou que Israel havia aceitado o início de uma missão da ONU no norte da Faixa de Gaza.
O "balanço diário de civis [mortos] em Gaza, sobretudo crianças, é muito alto", disse Blinken em Tel Aviv, em seu quinto giro internacional desde o início do conflito.
Também defendeu um aumento da ajuda humanitária para o pequeno território palestino, de quase 2,4 milhões de habitantes, submetido a um cerco total israelense.
"É preciso que entre mais comida, mais água, mais medicamentos e outros bens essenciais em Gaza. E, uma vez em Gaza, é preciso que chegue de forma eficiente às pessoas que precisam de ajuda", destacou.
A guerra foi desencadeada após um ataque de milicianos islamistas no sul de Israel, que deixou cerca de 1.140 mortos, em sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados israelenses.
Os combatentes também sequestraram cerca de 250 pessoas, das quais mais de 100 ainda estão em cativeiro em Gaza, segundo as autoridades de Israel.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder em Gaza desde 2007, e lançou uma ofensiva terrestre e aérea contra o território palestino.
O grupo islamista, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, Israel e União Europeia, afirma que mais de 23.210 pessoas, em sua maioria mulheres e menores de idade, morreram até agora nos bombardeios e operações israelenses.
Os bombardeios israelenses fizeram com que 85% da população de Gaza se deslocasse, segundo a ONU.
- Missão da ONU no norte de Gaza -
Khan Yunis e Rafah, as maiores cidades do sul do território palestino sitiado, voltaram a ser alvo de bombardeios, segundo um jornalista da AFP. Ambas as cidades receberam milhares de deslocados internos desde o início da guerra, em 7 de outubro.
Blinken afirmou que Israel aceitará uma missão de avaliação da ONU no norte da Faixa de Gaza, para proporcionar um retorno seguro dos deslocados.
Em momentos em que "a campanha de Israel evolui para uma fase de menor intensidade no norte de Gaza e [o Exército israelense] reduz seus efetivos na região, acordamos um plano para que a ONU realize uma missão de avaliação" que "determinará o que deve ser feito para permitir que os deslocados palestinos voltem ao norte de maneira segura", indicou.
Mais cedo, o secretário de Estado reforçou, ante o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, "o apoio" dos Estados Unidos "ao direito de Israel de impedir que os ataques terroristas de 7 de outubro se repitam".
Mas também destacou "a importância de evitar mais danos aos civis e de proteger" as infraestruturas civis em Gaza.
- Pressão "crucial" sobre o Irã -
Blinken também falou contra o bloqueio das negociações de paz.
"Israel deve ser um interlocutor dos líderes palestinos que desejam liderar seu povo [...] e Israel deve deixar de minar a capacidade dos palestinos de se governarem de maneira eficaz", declarou.
O Exército israelense anunciou que o conflito havia entrado em uma nova fase e o porta-voz militar, Daniel Hagari, disse ao The New York Times que esta implicaria em menos bombardeios e em uma redução dos efetivos militares a partir desse mês.
Desde que iniciou a ofensiva, pelo menos 185 soldados israelenses morreram em Gaza, anunciou o Exército nesta terça-feira.
O giro de Blinken, que começou na semana passada e o levou ao Catar e à Arábia Saudita, entre outros países, busca evitar que o conflito se propague pela região, onde se multiplicam as ações de outros inimigos de Israel reunidos em uma aliança informal que inclui grupos pró-iranianos da Síria, Iraque, Líbano e Iêmen.
"Aumentar a pressão sobre o Irã é crucial e pode evitar uma escalada regional em outros terrenos", disse Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel, durante sua reunião com Blinken.
O movimento xiita libanês Hezbollah afirmou ter atacado um centro de comando militar no norte de Israel, em resposta às mortes do número dois do Hamas em 2 de janeiro e de um alto cargo de sua formação na segunda-feira.
- "Oportunidades reais" -
Em Doha, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, apelou aos países muçulmanos para enviarem "armas" a Gaza como demonstração de apoio. Esta não é "apenas a batalha do povo palestino", justificou.
Segundo Blinken, Israel atravessa um "momento difícil", embora siga tendo "oportunidades reais" de integração com seus vizinhos árabes.
Israel negociava acordos de normalização com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e outros Estados, que ficaram paralisados após a eclosão do conflito.
Por outro lado, as negociações de paz com a Autoridade Palestina, que participa da administração da Cisjordânia ocupada, estão paralisadas. Na região, multiplicam-se as operações do Exército e as ações violentas de colonos israelenses contra palestinos.
A Autoridade Palestina acusou as forças israelenses de atropelar um combatente morto durante uma operação militar. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, vê-se um veículo militar parando em frente a um corpo e, ao arrancar, circula por cima do corpo.
O Exército israelense confirmou trocas de disparos durante uma operação em Tulkarem, no norte da Cisjordânia, e a morte de "três terroristas", sem comentar essas imagens.
O Tribunal Penal Internacional (TPI), que investiga supostos crimes de guerra cometidos nos Territórios Palestinos, declarou que incluirá em suas investigações os crimes cometidos contra jornalistas, em consequência da morte de dezenas desses profissionais em Gaza.
burs-adm/bfi/sag/acc/aa/dd/am
P.Costa--AMWN