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Enquanto Conselho de Segurança discute trégua, Gaza é alvo de bombardeios de Israel
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, visitará o Egito na quarta-feira para falar sobre um cessar-fogo na Faixa de Gaza, uma questão sobre a qual o Conselho de Segurança da ONU abordou nesta terça-feira (19), apesar de ter adiado a votação de uma resolução.
Uma fonte da organização militar islamista palestina indicou à AFP que Haniyeh, que vive no Catar, se reunirá com o chefe da Inteligência egípcio, Abbas Kamel, entre outros, para falar "sobre o fim da agressão e da guerra e para preparar um acordo de libertação de prisioneiros e o fim do cerco imposto à Faixa de Gaza".
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também anunciou nesta terça-feira que, recentemente, enviou "o chefe do Mossad à Europa duas vezes para promover um processo de libertação de reféns".
Por sua vez, a organização palestina Jihad Islâmica, aliada do Hamas, divulgou nesta terça um vídeo mostrando dois supostos reféns israelenses, que pedem um aumento da pressão sobre as autoridades de Israel para sua libertação.
Sobre o terreno em Gaza, o Exército israelense continuou com os bombardeios, apesar dos incessantes pedidos para uma trégua e para que mortes de civis sejam evitadas no devastado território palestino.
O Conselho de Segurança da ONU tinha previsto se pronunciar nesta terça-feira sobre um novo texto que pede o "cessar urgente e duradouro das hostilidades" no território sitiado, após diversos vetos dos Estados Unidos.
Embora o Conselho de Segurança tenha mantido uma discussão tensa sobre essa questão, no final adiou a votação, após tomar uma decisão parecida na segunda-feira.
A guerra em Gaza teve início com o ataque brutal do Hamas em 7 de outubro, quando o movimento islamista assassinou 1.140 pessoas em Israel, a maioria civis, e sequestrou quase 250, segundo as autoridades israelenses.
A pasta anunciou que ao menos 20 pessoas morreram nesta terça-feira em um bombardeio israelense na cidade de Rafah, perto da fronteira de Gaza com o Egito. Também houve bombardeios em Khan Yunis, no centro da Faixa, segundo jornalistas da AFP.
- 'Pesadelos humanitários' -
Em Rafah, pessoas vasculhavam os escombros de um edifício bombardeado. Dezenas de milhares de pessoas fugiram dos bombardeios no norte para esta cidade.
"Não há lugar seguro. Nenhum. Somos deslocados da Cidade de Gaza. Viemos para cá, nossas casas foram destruídas, mas em toda a Faixa de Gaza há bombardeios", contou à AFP Jihad Zorob.
No norte, o hospital Al Ahli, um dos últimos centros de saúde em operação na região, ficou fora de serviço após um ataque do Exército israelense, segundo o seu diretor Fadel Naim.
Ele disse à AFP que as tropas israelenses atacaram o hospital, prenderam médicos, profissionais de saúde e pacientes, além de destruírem uma parte do edifício.
Os hospitais em Gaza têm sido alvo de ataques israelenses reiterados desde o início da guerra. Israel acusa o Hamas de abrigar infraestruturas de comando no subsolo de seus centros de saúde, o que o grupo nega.
Nesta terça-feira, o Exército anunciou que encontrou explosivos em um centro médico de Shujayya, nos arredores da Cidade de Gaza, destruiu túneis do Hamas e matou altos integrantes do grupo em suas recentes operações.
Israel, que realiza operações terrestres em Gaza desde final de outubro, perdeu 132 soldados nos combates no território palestino.
A preocupação internacional aumenta com a situação dos 2,4 milhões moradores de Gaza que enfrentam bombardeios diários, escassez de água e alimentos, além de deslocamentos em grande escala.
Gaza é o lugar "mais perigoso do mundo" para uma criança, denunciou nesta terça-feira Jamed Elder, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
"Estou furioso porque aqueles que estão no poder dão de ombros para os pesadelos humanitários de um milhão de crianças", lamentou, após retornar do território palestino.
Embora caminhões com ajuda humanitária entrem diariamente na Faixa de Gaza, o número ainda é muito menor do que no início da guerra.
"As medidas limitadas de Israel, sobretudo a autorização para entrada de combustível, alimentos e gás de cozinha, e a abertura [do posto fronteiriço] de Kerem Shalom/Karem Abu Salem para permitir a entrada de ajuda humanitária, são positivas, mas insuficientes diante do que é necessário para enfrentar a catástrofe humanitária no terreno", afirmou nesta terça-feira o enviado da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
- Votação no Conselho de Segurança -
Enquanto isso, continuam os esforços para uma nova trégua.
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, pediu a Israel que conduza sua guerra contra o Hamas "de maneira mais cirúrgica, clínica e precisa".
"O que pedimos a Israel é que reconheça a necessidade de minimizar as perdas civis, respeitar o direito internacional humanitário", declarou o ex-primeiro-ministro britânico após reunião com seu colega italiano, Antonio Tajani.
Em novembro, uma pausa humanitária de sete dias permitiu a libertação de 105 reféns em Gaza em troca de 240 palestinos mantidos em prisões israelenses.
"O Hamas está pronto para uma troca de prisioneiros, mas depois de um cessar-fogo", declarou nesta terça-feira um responsável do movimento islamista.
- Tensões no Mar Vermelho -
A comunidade internacional teme que o conflito se estenda ao Mar Vermelho, onde rebeldes huthis do Iêmen, aliados do Hamas, lançaram nas últimas semanas ataques com drones e mísseis contra navios.
Estas agressões, realizadas em represália à guerra em Gaza, representam uma "ameaça" para o comércio internacional, advertiu o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin.
O Mar Vermelho liga o Mediterrâneo ao Oceano Índico e, portanto, Europa e Ásia. Grande parte do comércio mundial transita pelo estreito de Bab Al Mandab, onde os huthis multiplicaram seus ataques.
Os huthis, que controlam a capital do Iêmen e amplas partes do território, afirmaram nesta terça-feira que vão continuar com seus ataques, apesar do anúncio feito ontem por Washington da criação de uma coalizão internacional para garantir a segurança desta rota.
Além dos Estados Unidos, a aliança é integrada por França, Espanha, Reino Unido, Bahrein, Canadá, Itália, Países Baixos, Noruega e Ilhas Seychelles.
Muitas das principais empresas marítimas do mundo suspenderam o trânsito de suas embarcações por este corredor devido às agressões.
O.Johnson--AMWN