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Israel multiplica ataques em Gaza apesar da pressão dos EUA
Israel multiplicou seus ataques contra a Faixa de Gaza nesta sexta-feira (15) e advertiu que a guerra contra o Hamas, iniciada há 70 dias, durará "mais que vários meses", apesar da pressão dos Estados Unidos para que reduza a intensidade dos ataques e proteja os civis.
O Ministério da Saúde do Hamas reportou "dezenas de mortos e feridos" em bombardeios em Khan Yunis, a grande cidade do sul do território palestino onde Israel ampliou suas operações terrestres.
A cidade vizinha de Rafah também foi atacada.
"Tudo está destruído, há 70 dias enfrentamos esta guerra e esta destruição", lamentou à AFP um sobrevivente, Bakr Abu Hajjaj.
A guerra entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro após o ataque sem precedentes dos combatentes do grupo islamista palestino em solo israelense, no qual morreram cerca de 1.200 pessoas, segundo as autoridades.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder em Gaza desde 2007 e considerada organização terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel. Mais de 18.700 pessoas morreram na ofensiva israelense na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista.
- "Mais que vários meses" -
Estados Unidos, principal aliado de Israel, começa a demonstrar impaciência ante o alto número de mortes de civis em Gaza.
"Quero que [os israelenses] se concentrem em como salvar vidas civis. Não que deixem de perseguir o Hamas, mas que tenham mais cuidado", declarou o presidente americano, Joe Biden.
Washington deseja que a ofensiva passe a "operações de baixa intensidade" em "um futuro próximo", segundo a Casa Branca.
Ao fim da guerra, não seria "correto" que Israel ocupasse a Faixa de Gaza a longo prazo, estimou nesta sexta-feira o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca Jake Sullivan, em visita a Israel. Segundo ele, o próprio governo israelense "indicou que não tinha intenção de ocupar Gaza a longo prazo e que o controle de Gaza, seu governo e segurança devem voltar para os palestinos".
Apesar dos apelos, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallan, indicou que a guerra vai durar. O Hamas "construiu infraestruturas subterrâneas e aéreas que não são fáceis de destruir. Levará tempo para fazê-lo, mais do que vários meses, mas venceremos e destruiremos o Hamas, declarou.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, declarou nesta sexta-feira que qualquer tentativa de "separar" e "isolar" a Faixa de Gaza do Estado palestino seria "inaceitável", durante uma reunião com um alto funcionário americano em Ramallah.
A guerra multiplicou as incursões do Exército israelense na Cisjordânia e tanto a União Europeia como Austrália, Canadá, Noruega, Reino Unido e Suíça condenaram a "violência cometida pelos colonos extremistas, que aterrorizam as comunidades palestinas".
- "Mais batalhas" -
"Haverá mais batalhas difíceis nos próximos dias", advertiu Daniel Hagari, porta-voz do Exército israelense, que assegurou que os soldados utilizam "novos métodos de combate", como a colocação de cargas explosivas em locais frequentados por combatentes do Hamas.
No total, 117 soldados morreram em Gaza desde o início da ofensiva terrestre em 27 de outubro, segundo o Exército. Esta operação permitiu a Israel tomar o controle de várias regiões ao norte, antes de estender-se a todo o território, incluindo o sul.
Cerca de 240 pessoas foram sequestradas pelo Hamas no dia do ataque contra Israel, das quais 105 foram liberadas durante uma breve trégua de sete dias que expirou em 1º de dezembro.
O Exército israelense anunciou nesta sexta-feira que recuperou os corpos de três reféns na Faixa de Gaza, incluindo dois soldados de 19 anos, Nik Beizer e Ron Sherman, além do refém franco-israelense Elya Toledano. Segundo esta fonte, ainda há 132 reféns nas mãos do movimento islamista e grupos afiliados.
A guerra mergulhou a Faixa de Gaza em uma grave crise humanitária e 1,9 milhão de habitantes (cerca de 85% de sua população) foram deslocados, segundo a ONU. Muitos deles tiverem de fugir várias vezes à medida que os combates se estendiam.
A guerra avivou as tensões na fronteira israelense--libanesa e também no Mar Vermelho, onde os rebeldes huthis do Iêmen -- aliados do Hamas -- reivindicaram nesta sexta-feira dois ataques contra navios que seguiam para Israel.
Ch.Kahalev--AMWN