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Israel afirma que Hamas violou a trégua e retoma combates em Gaza
Os combates foram retomados nesta sexta-feira (1) na Faixa de Gaza após o fim da trégua de uma semana entre Israel e Hamas, com quase 30 mortos palestinos até o momento, segundo as autoridades do movimento islamista no território.
"O Hamas violou a pausa operacional e disparou contra o território israelense", afirmou o Exército do país em um comunicado.
"As FDI (Forças de Defesa Israelenses) retomaram os combates contra a organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza", acrescenta nota.
O anúncio aconteceu depois que as FDI interceptaram um foguete lançado a partir de Gaza, o primeiro desde 24 de novembro, quando começou a trégua.
Uma fonte próxima ao Hamas declarou à AFP que o braço armado da organização recebeu "a ordem de retomar o combate e defender a Faixa de Gaza".
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, anunciou que 29 pessoas morreram na Faixa desde a retomada dos combates.
A pasta citou sete mortes no norte do território - Jabaliya e Cidade de Gaza -, 12 em Khan Yunes e Rafah, no sul, e 10 em Al Maghazi, no centro da Faixa.
O reinício dos combates acabou com a esperança de uma prorrogação da trégua de sete dias que permitiu a libertação de dezenas de reféns em troca de prisioneiros palestinos detidos em Israel, além de ter facilitado a entrada de ajuda na Faixa de Gaza.
Ao mesmo tempo, as negociações entre os dois lados, com mediadores do Catar e Egito, prosseguiam nesta sexta-feira, segundo uma fonte informada sobre as conversações.
Na quinta-feira, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, se reuniu com autoridades palestinas e israelenses. Ele fez um apelo a favor da extensão da trégua e alertou que, em caso de retomada dos combates, os civis palestinos devem ser protegidos.
A trégua representou uma pausa nos combates iniciados em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas invadiram o território de Israel. O ataque surpresa deixou 1.200 mortos, a maioria civis, e 240 sequestrados, segundo as autoridades israelenses.
Em resposta, Israel prometeu aniquilar o Hamas e iniciou uma campanha de ataques aéreos e terrestres em Gaza que, segundo o governo do Hamas, deixou mais de 15.000 mortos, a maioria civis.
Durante a trégua mediada pelo Catar, 80 reféns israelenses foram liberados em troca de 240 prisioneiros palestinos.
Mais de 20 estrangeiros, a maioria tailandeses que trabalhavam em Israel, foram liberados à margem do acordo de troca.
Na quinta-feira à noite, seis israelenses foram liberadas, horas depois da saída de duas reféns.
O número de reféns libertados na quinta-feira chegou a oito, menos dos 10 por dia que o Hamas deveria liberar segundo o acordo de trégua. Uma fonte do grupo islamista indicou que foram incluídas na contagem duas mulheres com dupla cidadania, russa e israelense, liberadas na quarta-feira.
A libertação foi um alívio para Keren Shem, cuja filha Mia foi uma das reféns que deixou o cativeiro. A família divulgou imagens de Keren chorando de alegria ao ser informada sobre a liberdade iminente da jovem.
- Prorrogação frustrada -
Pouco depois da chegada dos reféns a Israel, o serviço penitenciário do país anunciou a libertação de mais 30 detentos palestinos, 23 menores de idade e sete mulheres.
Blinken afirmou que Washington desejava o "avanço" do processo e outro dia de trégua.
Uma fonte próxima ao Hamas declarou que o grupo apoiava mais uma prorrogação e os mediadores tentaram estender a pausa, mas o processo parece ter fracassado.
Israel sempre insistiu que a trégua era uma pausa temporária para garantir a libertação de reféns.
"Juramos (...) eliminar o Hamas e nada vai nos impedir", afirmou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um vídeo divulgado por seu gabinete após a reunião com Blinken.
O governo israelense enfrenta uma pressão cada vez maior para explicar como protegerá os civis do território palestino, que enfrentam um bloqueio e não tem como sair da região.
Blinken alertou que a retomada das ações militares israelenses "deve colocar em prática planos que minimizem as mortes de palestinos inocentes" e "delimitar de forma clara e precisa áreas e locais no sul e centro de Gaza onde possam estar seguros e longe da linha de fogo".
Organizações internacionais pediram mais tempo para transportar suprimentos médicos, alimentos e combustível para Gaza, onde 1,7 milhão de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas.
A trégua permitiu que as pessoas retornassem para observar as casas destruídas e tentar recuperar alguns pertences entre os escombros.
"Tememos que a trégua acabe e que os problemas e bombardeios retornem", declarou na quinta-feira à AFP Mohamad Naasan, morador de Gaza. "Espero que a trégua seja retomada para que a paz prevaleça e possamos voltar para casa".
- Violência em Jerusalém e na Cisjordânia -
A trégua não impediu a violência em outras regiões.
Na manhã de quinta-feira, dois homens armados abriram fogo contra um ponto de ônibus em Jerusalém e mataram três pessoas, um ataque reivindicado pelo Hamas. Os dois agressores foram mortos.
Dois soldados israelenses ficaram feridos quando um veículo avançou contra um posto de controle na Cisjordânia ocupada, informou o Exército.
A violência em Gaza também elevou a tensão na Cisjordânia, onde quase 240 palestinos morreram em ações de soldados ou colonos israelenses desde 7 de outubro, segundo a Autoridade Palestina, que tem sede em Ramallah.
O jornal The New York Times publicou na quinta-feira que Israel recebeu informações de que o Hamas estava preparando um grande ataque, antes da incursão de 7 de outubro que desencadeou a guerra, mas ignorou o alerta.
burs-sah/mas/avl/fp
O.Johnson--AMWN