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Hamas liberta novo grupo de reféns e estaria 'disposto a prolongar trégua' com Israel
O Hamas está "disposto a prolongar a trégua" com Israel, garantiu nesta quinta-feira (30) uma fonte próxima ao movimento islamista, enquanto os Estados Unidos pediram a Israel a delimitação de zonas "seguras" para os civis de Gaza caso a ofensiva contra o território palestino seja retomada.
No sétimo dia do acordo, o Exército e o gabinete do primeiro-ministro israelense anunciaram que um novo grupo de seis israelenses foram libertados em Gaza pelo movimento islamista palestino e chegaram a Israel, juntando-se a outras duas reféns libertadas horas antes.
Posteriormente, Israel libertou 30 palestinos -sete mulheres e 23 menores- detidos em prisões do país, anunciou a autoridade penitenciária israelense.
Uma fonte próxima ao Hamas, que pediu anonimato, indicou que o grupo islamista estava "disposto a prolongar a trégua", vigente desde 24 de novembro e que deve expirar nesta sexta-feira às 05h00 GMT (02h00 de Brasília). Também acrescentou que os mediadores realizam "intensos e contínuos esforços pra [obter] mais um dia de trégua e depois trabalhar por prolongá-la por mais dias".
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu a extensão do acordo "para um oitavo dia e além".
"É claro que queremos que o processo continue avançando", declarou o chefe da diplomacia americana à imprensa em Tel Aviv, após uma reunião com os líderes de Israel e da Autoridade Palestina na Cisjordânia ocupada.
Israel "deve por em prática planos que minimizem as mortes de palestinos inocentes" e "delimitar de forma clara e precisa zonas e lugares do sul e centro de Gaza onde [os cidadãos] possam estar seguros e fora da linha de fogo", acrescentou.
- Proteger os civis -
O secretário de Estado se reuniu em seguida com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a quem disse que é "imperativo" proteger os civis e "garantir as necessidades humanitárias" em Gaza em caso de fim da trégua.
Segundo a ONU, 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foram deslocados pela guerra e sofrem com a escassez de alimentos, água, medicamentos e combustível causada pela cerco israelense.
A trégua entre Israel e Hamas devia terminar na manhã desta quinta-feira, após uma primeira prorrogação de dois dias, mas ambos os lados anunciaram a extensão do acordo por mais um dia minutos antes de sua expiração.
Contudo, Israel prometeu continuar sua ofensiva para destruir o Hamas assim que o processo de trégua acabar. "Juramos (...) eliminar o Hamas e nada irá nos deter", lembrou Netanyahu em um vídeo divulgado por seu gabinete após a reunião com Blinken.
Os combates começaram em 7 de outubro, quando militantes do Hamas lançaram um ataque contra o sul de Israel, no qual mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 240, segundo as autoridades israelenses. Entre os mortos, há mais de 300 militares.
Israel respondeu com uma ofensiva aérea e terrestre contra a Faixa de Gaza, que matou quase 15.000 pessoas, também civis na maioria, segundo o governo deste território.
- Novos reféns libertados -
O Hamas libertou nesta quinta-feira um total de oito reféns, dois menores e seis mulheres, incluindo cidadãos de Uruguai, México e Rússia, segundo o Catar, que media as negociações.
"O sétimo grupo já foi totalmente libertado, após outros dois [reféns] terem sido libertados anteriormente", afirmou o braço armado do Hamas, as Brigadas Ezzedine Al Qasam.
Uma fonte próxima ao Hamas declarou à AFP que as duas reféns russo-israelenses libertadas na quarta-feira faziam parte deste sétimo grupo e "portanto, o número de prisioneiros do sétimo grupo sobe para 10".
Em resposta, Israel libertou 30 palestinos, todos mulheres e menores.
Desde 24 de novembro, o acordo de cessar-fogo permitiu a libertação de 80 reféns israelenses e de 210 palestinos, aos quais devem somar-se mais 30.
Além disso, mais de 20 reféns estrangeiros, na maioria tailandeses que vivem em Israel, foram libertados fora do âmbito do acordo.
- "Verdadeiro cessar-fogo" -
Apesar de o cessar-fogo ter permitido um aumento significativo na quantidade de ajuda humanitária que chega à Faixa de Gaza, a situação continua sendo "catastrófica", avaliou o Programa Mundial de Alimentos (PMA), que afirma que "existe risco de fome".
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu um "verdadeiro cessar-fogo humanitário" e afirmou que os habitantes de Gaza sofrem "uma catástrofe humanitária épica".
"Temos medo de que o cessar-fogo termine e que os problemas e os bombardeios comecem novamente", disse Mohamad Naasan, residente na cidade de Gaza, à AFPTV, nesta quinta-feira.
A violência em Gaza também aumentou as tensões na Cisjordânia ocupada, onde quase 240 palestinos morreram nas mãos de soldados ou colonos israelenses desde 7 de outubro, segundo a Autoridade Palestina, com sede em Ramallah.
Horas após a última extensão do cessar-fogo, o Hamas reivindicou um tiroteio no oeste de Jerusalém que deixou três mortos e pediu uma "escalada da resistência".
Os dois agressores foram "abatidos" no local do incidente, uma parada de ônibus na parte ocidental da cidade, segundo a polícia israelense.
Dois soldados israelenses ficaram levemente feridos nesta quinta-feira em outro ataque a um posto de controle na Cisjordânia ocupada, segundo o Exército. O agressor também foi "abatido".
burs-sah/hgs/pc/mvv/rpr/am
L.Harper--AMWN