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Negociações em curso para prorrogar trégua em Gaza, com Israel e Hamas favoráveis ao acordo
Israel e Hamas propuseram nesta segunda-feira (27) prorrogar a trégua dos combates na Faixa de Gaza, um acordo que expira nesta terça-feira (28) e que permitiu a liberação de dezenas de reféns e prisioneiros, assim como a entrada de ajuda emergencial no território palestino.
Segundo uma fonte de segurança egípcia, as duas partes estão trabalhando nos detalhes de uma prorrogação da trégua, cujo final está previsto para terça-feira às 7h (2h de Brasília).
"Israel insiste em renovar a trégua dia após dia", enquanto os países mediadores - Catar, Estados Unidos e Egito - propõem uma pausa de "vários dias", declarou essa fonte à AFP nesta segunda.
Ainda nesta segunda, a União Europeia e a Otan pediram a extensão da trégua, depois de o presidente americano, Joe Biden, fazer o mesmo.
Israel propôs ao Hamas "uma opção" para prolongá-la, afirmou um porta-voz do governo.
Na noite anterior, o movimento islamista Hamas afirmou em um comunicado que busca "prolongar a trégua além dos quatro dias", com o objetivo de "aumentar o número de prisioneiros liberados".
Uma fonte próxima ao Hamas declarou à AFP que o grupo informou aos mediadores que é partidário de uma extensão de "dois a quatro dias".
Uma cláusula do acordo permite a ampliação do mesmo para a libertação diária de 10 reféns do Hamas em troca de 30 presos palestinos em Israel.
Entre os reféns liberados no domingo, está uma criança de quatro anos de nacionalidade americana, de nome Abigail.
Segundo um funcionário americano, a mãe da menina morreu diante dela e o pai foi assassinado enquanto tentava protegê-la durante o ataque dos milicianos do Hamas contra Israel em 7 de outubro.
- "Mais reféns liberados" -
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou a Joe Biden em uma reunião no domingo que ao finalizar a trégua voltará ao seu objetivo de "eliminar o Hamas".
Nesta segunda, o primeiro-ministro solicitará um "orçamento de guerra" de 30 bilhões de shekels (quase 8 bilhões de dólares, 39 bilhões de reais).
"Meu objetivo e o nosso é garantir que esta pausa continue além de amanhã (segunda-feira) para que possamos ver mais reféns liberados e mais ajuda humanitária", declarou o presidente dos Estados Unidos.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, instou uma trégua "duradoura enquanto se trabalha por uma solução política".
"Peço uma extensão da pausa que permitirá trazer o alívio que o povo de Gaza tanto necessita, e a liberação de mais reféns", disse, por sua vez, Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan.
São esperadas novas liberações de reféns e presos ainda nesta segunda, mas uma fonte próxima ao Catar afirmou que havia "um pequeno problema com as listas" nos dois lados. "Os cataris trabalham com as duas partes para resolver o problema e evitar atrasos".
Desde sexta-feira, 39 reféns e 117 presos palestinos foram libertados devido ao acordo. Outros 19 reféns, a maioria tailandeses que trabalhavam em Israel, foram liberados à margem do acordo.
- Moradores de Gaza presos -
Israel iniciou a ofensiva contra a Faixa de Gaza após o ataque do Hamas em 7 de outubro, quando 1.200 pessoas foram assassinadas por combatentes islamistas e outras 240 foram sequestradas e levadas para a Faixa de Gaza, segundo as autoridades do país.
Entre os mortos estão mais de 300 militares ou integrantes das forças de segurança israelenses.
Em Gaza, alvo de bombardeios incessantes e de uma ofensiva terrestre desde 27 de outubro, a operação israelense deixou 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.
A comissão de prisioneiros da Autoridade Palestina acusa o Exército israelense de ter detido mais de 100 moradores de Gaza durante a ofensiva, temendo "que tenham sido assassinados".
Israel proporcionou uma vez "o número de 105 prisões, mas sem nenhum detalhe sobre o destino dessas pessoas", indicou Qaddura Fares, chefe desse órgão governamental.
- "Sem água potável e comida" -
A trégua ofereceu um alívio aos moradores de Gaza, mas a situação humanitária continua "perigosa" e as necessidades "sem precedentes", afirmou a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA).
Desde sexta-feira, centenas de caminhões com ajuda entraram na Faixa de Gaza, onde Israel aplica desde 9 de outubro um "cerco total", que impede o abastecimento de água, comida, energia elétrica e remédios.
"Deveríamos enviar 200 caminhões por dia durante pelo menos dois meses para responder às necessidades", declarou à AFP Adnan Abu Hasna, porta-voz da UNRWA, antes de informar que em algumas áreas não há "água potável, nem comida".
Mais da metade das residências do território foram danificadas ou destruídas pela guerra, que provocou o deslocamento de 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes, segundo a ONU.
Nesta segunda, dois especialistas em direitos humanos da ONU pediram investigações "rápidas, transparentes e independentes" sobre as "acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade" de todas as partes desde 7 de outubro.
P.Santos--AMWN