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Declarações de Israel sobre operação 'antiterrorista' desagradam Brasília
O Brasil manifestou, nesta quinta-feira (9), seu descontentamento com as declarações de autoridades israelenses sobre a operação realizada no país contra supostos planos de "atos terroristas".
Após a detenção, na quarta-feira, de dois suspeitos de participar no planejamento de "ataques terroristas" no Brasil, várias autoridades expressaram seu desconforto com as declarações do serviço de inteligência de Israel, o Mossad, e do embaixador do país em Brasília.
A Polícia Federal (PF) havia informado sobre a detenção de duas pessoas em São Paulo em uma operação para "interromper a preparação de atos terroristas", sem especificar possíveis alvos ou apontar qualquer vínculo com grupos estrangeiros.
No entanto, o Mossad emitiu na quarta-feira um comunicado no qual afirmou ter "colaborado com as autoridades brasileiras para frustrar um ataque no Brasil, planejado pela organização terrorista Hezbollah, dirigido e financiado pelo regime iraniano".
De acordo com a nota da agência de inteligência israelense, a "célula terrorista" planejava um ataque contra "alvos israelenses e judaicos no Brasil".
O ministro da Justiça, Flávio Dino, escreveu nesta quinta-feira no Twitter que "nenhum representante de governo estrangeiro pode pretender antecipar resultado de investigação conduzida pela Polícia Federal, ainda em andamento".
"Repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros, ou usar investigações que nos cabem para fins de propaganda de seus interesses políticos", acrescentou o ministro.
Enquanto isso, a PF divulgou um comunicado no qual "repudia as declarações feitas por autoridades estrangeiras em relação à operação" policial na qual foram detidos dois suspeitos em São Paulo, que também incluiu buscas em Brasília e Minas Gerais.
"Manifestações dessa natureza violam as boas práticas de cooperação internacional e podem trazer prejuízos para futuras ações", indicou a PF.
Segundo diversos veículos de imprensa, uma das pessoas alvo da operação admitiu à polícia ter sido recrutada por um grupo ligado ao Hezbollah.
As declarações do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, também foram mal recebidas. Ele afirmou ao jornal O Globo que "se escolheram o Brasil, é porque tem gente que ajuda".
O diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, expressou ao site de notícias G1 seu "profundo mal-estar" com esses comentários, que foram uma "surpresa negativa".
Desde o início do conflito no Oriente Médio no mês passado, o presidente Lula tem condenado os "ataques terroristas perpetrados pelo Hamas" em Israel, ao mesmo tempo em que afirmou que as represálias não justificavam a morte de "inocentes" em Gaza.
Nesta quinta-feira, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, que representou o Brasil em uma conferência humanitária sobre Gaza em Paris, se pronunciou a favor de um "cessar-fogo", ao considerar que a morte de milhares de crianças palestinas nos bombardeios israelenses remetem a um "genocídio".
P.Mathewson--AMWN