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Príncipe herdeiro saudita diz que normalização com Israel 'está mais perto'
O líder 'de facto' da Arábia Saudita disse, nesta quarta-feira (20), que a normalização das relações com Israel "está mais perto", e também advertiu que o reino vai desenvolver armas nucleares se o Irã o fizer primeiro.
Em uma entrevista divulgada nesta quarta, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman negou que os sauditas tivessem suspendido as conversas mediadas pelos Estados Unidos com Israel.
"Estamos cada dia mais perto", disse o príncipe, considerado por muitos como o líder efetivo da nação do Golfo, à emissora Fox News.
No entanto, Bin Salman afirmou que o reino estava buscando mais avanços para garantir os direitos dos palestinos, enquanto o governo de extrema direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu segue adiante com os polêmicos assentamentos na Cisjordânia ocupada.
"Para nós, a questão palestina é muito importante. Precisamos resolver essa parte", declarou o príncipe, que também é conhecido pela sigla MBS, segundo trechos da entrevista veiculados pela Fox News.
Israel normalizou suas relações com cinco países árabes, mas o reconhecimento por parte da Arábia Saudita é considerado um prêmio histórico na diplomacia do Oriente Médio, devido ao papel do reino como guardião dos dois lugares mais sagrados do Islã, as cidades de Meca e Medina.
Tanto Israel como a Arábia Saudita, e também outros países árabes, compartilham uma hostilidade mútua em relação ao Irã, uma república teocrática xiita e rival frequente dos sauditas.
Na entrevista, MBS renovou as advertências de que a Arábia Saudita buscaria armas nucleares se o Irã o fizer. "Se eles conseguirem uma, nós temos que conseguir também", disse.
A Arábia Saudita vem buscando garantias de segurança com os Estados Unidos, que supostamente incluiria um tratado, em troca da normalização de suas relações com Israel.
O Irã nega que está entre os seus objetivos desenvolver uma arma nuclear, mas passou a violar os níveis estabelecidos para enriquecimento de urânio desde que o ex-presidente Donald Trump retirou Washington do acordo internacional de 2015, que impõe limites ao programa nuclear de Teerã em troca do levantamento das sanções contra a República Islâmica.
Israel é o único Estado com armas nucleares da região, embora não declare possui-las.
O presidente Joe Biden falou sobre a Arábia Saudita durante uma reunião com Netanyahu, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York.
Os planos diplomáticos do governo Biden no Oriente Médio viram-se abalados pelas tensas relações com Netanyahu, que é acusado pela oposição em seu país de minar a democracia israelense mediante grandes reformas do Poder Judiciário.
O governo americano mantém relações historicamente próximas com a monarquia saudita, mas essa relação também se viu abalada pela controvérsia sobre o papel do príncipe herdeiro, segundo as agências de inteligência americanas, no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, que era residente nos Estados Unidos.
Em entrevista à ABC News nesta quarta, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que a normalização entre Arábia Saudita e Israel seria um "evento transformador".
"Unir estes dois países em particular teria um efeito poderoso na estabilização da região, na integração da região, na aproximação das pessoas, na prevenção de conflitos entre elas", assinalou Blinken, mas, ao mesmo tempo, reconheceu que era "difícil" chegar a essa normalização.
O.Norris--AMWN