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África Ocidental prioriza diplomacia no Níger, sem descartar uso da força
O bloco de países da África Ocidental (Cedeao) reiterou, nesta quarta-feira (9), sua preferência pela via diplomática para restaurar a ordem constitucional no Níger, embora sem descartar o uso da força, na véspera de uma cúpula regional na Nigéria.
A poucas horas desse encontro, que ocorrerá em Abuja, capital nigeriana, o regime militar que tomou o poder no Níger acusou a França, que tem tropas destacadas na região pela luta contra o jihadismo, de ter violado o espaço aéreo nigerino, fechado desde domingo, e de ter "libertado terroristas".
A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) declarou, em nota, que continuaria aplicando "todas as disposições necessárias para garantir o retorno à ordem constitucional no Níger", ou seja, restabelecer o presidente deposto Mohamed Bazoum no cargo.
Bazoum está detido na residência presidencial em Niamei desde 26 de julho. Vários ministros e membros de seu governo foram também presos nestas duas semanas.
Os Estados Unidos expressaram, nesta quarta-feira, sua "grande preocupação" com o "estado de saúde" de Bazoum e com "sua segurança e a de sua família".
Sanusi Lamido Sanusi, um ex-emir nigeriano, afirmou ter sido recebido em Niamei pelo general Abdourahamane Tiani, o líder dos militares que estão no poder no Níger. Ele lhe entregou uma "mensagem" para o presidente da Nigéria, Bola Tinubu, que ocupa a presidência rotativa da Cedeao.
O porta-voz de Tinubu indicou na terça-feira que o presidente considera a diplomacia como "a melhor via" para resolver a crise no Níger, embora não descarte "nenhuma opção".
Em 30 de julho, a Cedeao havia dado prazo até 7 de agosto para os militares nigerinos restaurarem a democracia, sob pena de enfrentarem intervenção militar.
Uma delegação conjunta da Cedeao, a União Africana (UA) e a ONU havia planejado visitar a capital do Níger na terça, mas os militares cancelaram a visita, evocando razões de "segurança neste clima de ameaça de agressão contra o Níger".
- Hostilidade contra a França -
O Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), nome do órgão que tomou o poder no Níger, ignorou as ameaças da Cedeao e na segunda-feira nomeou um primeiro-ministro civil, Ali Mahaman Lamine Zeine, no que parece ser a primeira etapa em direção à formação de um governo de transição.
"Estamos testemunhando um verdadeiro plano de desestabilização do nosso país", denunciou o CNSP, que acusou a França de querer "criar um sentimento generalizado de insegurança" em sua ex-colônia, independente desde 1960.
Também repreendeu Paris por ter "libertado de forma unilateral prisioneiros terroristas", um termo usado para se referir aos membros de grupos armados jihadistas que operam na região.
Esses indivíduos teriam participado posteriormente de uma "reunião de planejamento" para um ataque "a posições militares na área das três fronteiras" entre Níger, Burkina Faso e Mali, acrescentou.
- Mediação dos EUA -
Os Estados Unidos, parceiros privilegiados da França no combate ao jihadismo que se alastra neste país rico em urânio e em grande parte da região do Sahel, também tentaram o caminho do diálogo.
Na segunda-feira, a número dois da diplomacia americana, Victoria Nuland, chegou a Niamei para se reunir com os autores do golpe, embora o general Tiani não tenha participado do encontro.
O Níger está longe de estar completamente isolado na região. Mali e Burkina Faso, ambos liderados por militares que tomaram o poder pela força em 2020 e 2022, respectivamente, afirmaram que se o país for atacado pela Cedeao, considerariam isso "uma declaração de guerra" contra seus próprios países.
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Y.Kobayashi--AMWN