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Dirigentes sindicais são presos após protestos na Venezuela
Três dirigentes sindicais da companhia siderúrgica estatal da Venezuela foram presos em meio aos protestos por reivindicações trabalhistas no estado de Bolívar (sul), denunciou uma ONG de direitos humanos nesta segunda-feira (12).
Os protestos por reivindicações salariais, recorrentes no país, se intensificaram nos últimos dias no polo minerador de Bolívar.
Leandro Azócar, Juan Cabrera e Daniel Romero, sindicalistas da estatal Siderúrgica del Orinoco (Sidor), "foram presos pela Direção Geral de Contrainteligência Militar na madrugada de ontem", disse à AFP o coordenador da ONG Provea, Marino Alvarado.
Desde janeiro, foram 22 trabalhadores presos nessas manifestações e, segundo Alvarado, "boa parte deles também são trabalhadores da Sidor", que chegou a ser a maior siderúrgica da América Latina, mas que perdeu valor em meio à crise venezuelana.
Centenas de trabalhadores marcharam nesta segunda-feira, quando um grupo entrou em confronto com policiais, que, sem sucesso, tentaram impedir sua passagem pela Sidor.
"A única coisa que estamos pedindo são reivindicações legais e contratuais, porque nós não somos criminosos", disse Ruber Bolívar, trabalhador que denunciou a "agressão" da parte dos policiais.
Queremos a "reintegração de todos os trabalhadores que foram demitidos na pandemia e os que fomos amedrontados, despedidos e (submetidos à) medida cautelar (judicial)", disse, por sua vez, o operário Yuxcil Martínez.
Vários dos presos estão em liberdade condicional e precisam se apresentar mensalmente à justiça.
O poder aquisitivo dos venezuelanos diminuiu em meio a uma crise que se estende por mais de uma década. Os funcionários públicos, os mais mal pagos, exigem uma indexação de seus salários ao custo da cesta básica, estimada em aproximadamente 500 dólares (cerca de R$ 2.500,00, na cotação atual).
Os trabalhadores ativos da Sidor ganham até 200 dólares mensais (aproximadamente R$ 980,00, na conversão atual), mais a bonificação de 80 dólares (aproximadamente R$ 400,00) anunciada por Maduro em 1º de maio.
Há também uma modalidade de "trabalhador não obrigatório" que não passa dos 60 dólares mensais (aproximadamente R$ 295,00, na conversão atual), segundo César Soto que está nesta categoria.
A Sidor, fundada em 1964 como empresa pública, foi privatizada em 1997 e expropriada do grupo argentino Techint por ordem do ex-presidente Hugo Chávez (já falecido) em 2008.
A medida foi tomada precisamente por um conflito sindical que paralisou a empresa por 15 meses.
Segundo os trabalhadores, algumas das plantas deixaram de produzir por falta de investimentos.
"A empresa não está produzindo, não por causa dos trabalhadores, mas sim por falta de investimentos e pela má administração", destacou Martínez.
F.Dubois--AMWN